preservamos boa parte dos velhos hábitos. chutamos o próprio lixo e não encaramos as ruas, maquiamos a aflição carregando a nostalgia, fingindo não entender os fatos [ é tão mais fácil ]. tomamos de assalto a injúria e no almoço, as cápsulas da banalização e, no jornal, ao meio–dia, engolimos a ironia, pasmem; usando as farpas da opressão.
ainda preservamos os velhos hábitos. no domingo, levantamos mais cedo pra tomar o café antes de dobrarem os sinos e depois, ajoelhamo–nos embaixo da torre da padroeira e entoamos, cânticos panfletados e outras pseudo–sabedorias, à luz do dia, [ tudo certo ] pra recebermos o tal perdão e quando, não mais observados, disparamos o gatilho da fé e usamos o colorismo pra nossa diversão.
ainda preservamos os velhos hábitos. toda essa hipocrisia, acostumo não. dá medo falar pra qualquer um das afro–mitologias, porque se grito “oxalá” me cancelam [ não é cristão ] e é diferente de “in shaa allaah“? claro que não! mas como um bom filho de olorum, vou continuar lutando. pode pá! aqui é united colors sarará.
Sua escrita é demasiado profunda para a maioria dos pensamentos (será?) rasos desta gente que fala de Deus, diz acreditar em Deus, mas, fé mesma, só têm em si mesmos, como divindades fakes…
Gosto demais da sua visão de mundo, caro amigo
Estevam e, por ela me identifico e pela mesma razão,
não me sinto tão solitário por aqui.