é como se um novelo do dia se agarrasse às minhas janelas. meu desvelo, meu café perfumado, vaporizando, aquecendo-me a cara. esta cara notadamente reflexiva agora; diz-me a aquarela da minha miopia, autorretratada às lâminas d’água.
tem chuva lá fora e, bem perto do meu peito, gotículas fingem estraçalhar a janela, múltiplas, numa corrida colérica, pirilampeando cristais até o curso do choro-correnteza. dão-me pão
pr’um peito nascido do absurdo, versejam suficiente e isto me basta. por ser o mesmo peito que apertadinho, acostumou-se às tempestades, juntar-se à elas, quando melancolia era tudo o que tinha, nas manhãs de chuva, dos mesmos cafés que beijo agora. dão-me poesia.