adultos; dois caras adultos, trajados de burgueses da nova ordem, mas com as roupas, os chinelos e a sujidade do abandono. estão próximos à uma concentração defronte à capitania dos portos, mas deslo[u]cados, preferiram sentar à porta de uma loja de doces no horário comercial. eu os vejo de longe. me chama a atenção, não só a aparente situação social, mas a pretensão de colocarem–se num outro tipo de ilusão. vestem–se como filhos da… pátria. parecem moradores de rua, imagino eu, e com bandeiras, camisetas e as bandanas desajeitadas, prendendo as cabeleiras. tudo em verde, amarelo, azul e branco. eles me veem de longe. percebo que melhoram a postura diante da minha aproximação. vejo uma marmita de alumínio, amarrotada e aberta. farofa amarela tratada sem o devido respeito. pés sujos de farofa amarela. presas às costas, com nós no pescoço, bandeiras do país que vinha se aproximando de um bem–estar social que poderíamos chamar de nosso. perdemos tudo. ficamos chateados mas ninguém soltou a mão de ninguém. fiquei intrigado com a ironia visual e quase sentei ao lado deles pra bater um papo e descobrir qual era a onda daquele vapor barato. mas eles me pediram dinheiro pra comprar doces. queriam vender os doces. achei que fosse pro corote. decepção. eu tinha uns trocados no bolso e entreguei pra um deles, na intenção de melhorar a minha postura pra que eles pudessem avistar e ler as palavras [ que não eram muitas ] da minha camiseta preta: estado democrático de direito. percebi que entenderam. percebi que foi um golpe! mas eles estavam envoltos na bandeira. mas não pareciam envolvidos, duvido.
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Que descrição da realidade,! Nua e crua! Insanidade na rua…
“Insanidade na rua”, é o que temos, companheiro; insanidade…
Isto há de acabar…
A realidade esta aí para todos vernos… Mas, São Tomés são tantos, que nem vendo creem…
De gabinetes a outros mundos paralelos, é só no que creem… Quem diria que viveríamos pra ver isso?
Pois é… Pensei que o mundo imaginário, ou seria, inimaginário? acabasse com o fim da 1ª infância.
Hahahaha, isso foi ótimo! Vou usar ( e parafrasear o amigo ).
Mandar ver…
E essa realidade nos dói de um jeito tão estranho… Vontade de abrir a voz e os braços, e assim, o entendimento e a razão…
Teus textos, tão tão tão sempre!… ❤️
Tudo isso nos deixa tontos né Helena? É mesmo uma realidade que causa esse estranhamento… Estes desabafos são livramentos. Grato, tá?