sou um tipo bem comum, de sujeito incomum. tenho problemas com: guarda–chuvas ( de sair de casa com um, apesar da previsão ), mecher com x, mexer com ch, dias da semana…
um tipo de humano afeito à lua; que sofre de vergonhas, mas disposto a fazer coisas que hoje ainda me enrubescem só de pensar, mas que não veria problema de fazer, se evacuassem a cidade; aí, faria.
mas sendo eu, o que já deixei de ser o que fui: já ofereci uma rosa da oferenda pra primeira moça que vi na rua, já subi na mesa do bar ao coro dos amigos que cantarolavam qualquer coisa pra me manter encorajado, até ser expulso do local e ficar com o nome registrado como persona non grata, na portaria. fiz engenharias daquelas classificadas com o termo “até Deus duvida“, bastando me “intizicar” com a frase: eu duvido tu fazer!
também tenho problemas pra: segurar o choro com as propagandas das ong‘s que pedem socorro ao alívio do sofrimento humano; entender a inteligência dos girassóis, segurar o pavor quando ouço o assovio de uma panela de pressão.
mas sendo eu, o que já deixei de ser; quando criança, fiz: poço pra adulto cair inteirinho, como quem prende saci, e saí correndo pra não levar cascudo por conta da “brincadeira“; deixei os amigos esmurrarem o meu peito pra provar que eu era mais forte que qualquer um deles, mas não o mais inteligente.
sou um tipo bem comum, de sujeito incomum até hoje e posso, literalmente provar, provando: qualquer prato exótico tribal desses que sujeitos comuns–não–incomuns só provariam valendo dinheiro ( desde que parecesse gostoso, cozido e bem temperado ), pimenta colhida na cratera de um vulcão ativo, um salto no vazio d‘uma altura do tamanho do céu, mesmo tendo medo de alturas do tamanho do céu.
e sendo eu, o que nunca deixei de ser; da infância até a recente descoberta da presbiopia e de protuberâncias em quatro, dos cinco seguimentos da coluna lombar; ainda vejo com desconfiança coisas como: a relação que fazem do tempo pelo ponto de vista dos relógios ( mário quintana reclamava também ), o “ajuntamento” de capital como modo de vida perfeito e admirável, a admiração por gentes que não se conhece bem, mas que aparentam ter relógios; avessos a mim e ao ponto de vista do quintana.
uma regrinha não minha e em tempo, sem ponteiros: se tem sílaba primeira “me“, usa-se “x” e não “ch“, portanto, me–ch–x–er não é com “ch” e sim com “x” . confuso? é que eu só sei explicar assim e por isso, acho estranho eu ser um tipo comum de sujeito incomum, sendo eu, quem ainda sou…
Nossa… Um sujeito comum que de incomum guarda o mundo de vivências e o doa assim tão despretensioso a qualquer um leitor comum que de incomum guarda teu mundo de vivências… Quanto mais te leio mas quero ler…te
Lindo! Parabéns sensível poeta, !!!
Agradecido pelo gosto; muito, mas muito obrigado por vc aqui…