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A-dor-ar II

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e assim privado de tudo
o que sobra é zombaria
e tudo é tentativa vã
e da janela, outdoor
lusco fusco neon
carpe diem, carpe diem
cadê as brumas e toda
felicidade que se preza?
cadê terra firme?
e chão sob os pés?
que pena! apenas papel
e a leveza do nanquim
a que me presto nisso aqui?
senão a-dor-ar?
a fresta, a pressa
a dor do ar rarefeito
e o riso de soslaio
e o soluço que não cessa
e se divertem de mim
e se riem da loucura
que me espreita e arrisco
um, dois gritos no ar
mas sou temeroso e temerário
sou, estou, “verbo” dor

assim, recomeço do alívio
que me resgata do caos
e sê rapport e me serve
insights breves, de leveza
e se apropria e se cria
da última lágrima salina

e cada traço, bem digo
outros processos arrisco
e sofro a perda do razoável
mas gosto do gosto disso
e sorvo, e lambo cada espaço
mal-dito, sou maldito

bem sei que bem sabes
oh alter ego parasita
que me vês fora daqui
fora de ti,fora de mim
escovarei os sapatos
cai fora! parti!

e ocorre que acovardo
oh bardo! meu flagelo
tudo isso ainda é frio
e bem servido desta xícara
percebo ainda dois terços
de tudo o que não queria

canto para qualquer
encanto maltratado
para toda maledicência
tortuosa e despedaçada
n’um discurso ritimado
como n’uma bênção piedosa
aos amores destroçados

quem sabe nunca soube
ao certo se assertivo fui
permita-me se for de valia
avalio que não traguei
da tua garganta o verso
e ignorei se permitias

quer saber de fato?
dependo das tuas preces
e cada agulhada no meu voodoo
cada gota deste vermelho arterial
me envolve às tuas bruxarias
que preciso tanto e tanto

então prescrevo à dor:
o que sobra é zombaria
felicidade que se preza?
a fresta, a pressa
e se riem da loucura
e sê rapport e me serve
e sofro a perda do razoável
oh, alter ego parasita
oh, bardo! meu flagelo
permita-me se for de valia
que preciso tanto e tanto “de”
cada gota deste vermelho arterial

9 Comentários
  • Responder
    25 de junho de 2016, 13:57

    “Todos podemos controlar a dor excepto aquele que a sente”. WS
    A meu ver quem mais lindamente escreveu sobre ‘A-Dor-Ar’ foi William Shakespeare.
    Lindo final de semana pra ti ! <3 Bjs Bjs

    • Responder
      25 de junho de 2016, 22:43

      Sem dúvida: ” e assim as flores destiladas vencem o olvido/e se, para vencê-lo abrem mão da aparência/vivem, malgrado o inverno agora como essência” W.S.
      Bjoooooo

  • Responder
    28 de junho de 2016, 14:21

    Sentir a dor, o nó na garganta e quase sucumbindo em um poço sem fundo… Meu Deus, quanta dor…

    • Responder
      4 de julho de 2016, 06:54

      Essa poesia tem “alma” não é? Feliz que tenhas feito essa leitura. Bj Verônica…

  • Responder
    3 de julho de 2016, 15:46

    Muito interessante !

    • Responder
      4 de julho de 2016, 06:52

      Esse foi dos trabalhos que mais gostei de fazer. Bj Vi!

      • Responder
        6 de julho de 2016, 16:21

        É muito gratificante quando gostamos do que fazemos ! Bj.

        • Responder
          6 de julho de 2016, 22:16

          Sem dúvida Vi! Quando existe a entrega, o resultado provoca satisfação. Bjooo

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