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Manípulo

cordas. estou preso; pés, mãos, cabeça.
um engenho; consciência embusteira.
sou forçado a acreditar numa
imortalidade terrestre, e esta, bem sei,
me mata todo dia um tanto mais.
o titeriteiro vira o meu pescoço,
ouço o ranger de cada fibra de cada corda,
estas, roçam os meus ouvidos; violados.
sinto a presença do carcará; voa livre,
acompanhando a minha sombra.
ele não se interessa por mim; observa
o frenesi dos ratos que me assombram.
tenho milhares de páginas no meu ventre,
mas estou preso às cordas, enlaçam
os meus ombros, apertam a minha cintura,
danço – é o que parece – pareço dançar.
um raio probo me livra dos fios,
feito sonho: promete reparo e justeza
e me adverte da beatitude, diz que sou santo.
acordo. o titeriteiro me aponta mais cordas
e os nós do reconhecimento póstumo.
na poesia, estou sempre de partida.

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