tem um quê de porrada nisso que faço. um quê de menosprezo à covardia que insiste a se insinuar toda vez que meu sonho gera fruição. cresci tanto, que tenho muito mais do tempo e se não
me engano, muito menos também; mais cabelos brancos.
hematoma de todo tom de dor que possa ter doído cicatrizes tão antigas quanto o mapa desta carapaça que engenha um corpo e nele, dentro dele, uns cem caras feito eu; iguaizinhos: persecutórios e bobos. todos quase–humanos.
tudo que dói hoje, doeu ontem também e doerá amanhã; sei disso porque dor, tem memória cativa em mim; aponta a agulha louca e solidária ao limbo, desta bússola que que carrego nos pés tortos. culpa de todas as vezes em que a fraqueza montou na minha nuca, pra ver do alto, assoberbou–se pra ocupar espaço e pra garantir um bom lugar entre os soberbos.
eles, os quase–deuses? abandonei–os lá no topo da montanha. descobri que daqui posso ver muito mais de céu e não vejo nada de errado em observá-los daqui de baixo. até ensaio uns gritos de orientação, mas não me ouvem; são quase–deuses.
a dor de hoje se mostra, se dá, porque, velho, pareço rude quando me envergonho de pensar em qualquer coisa assim neste tempo que encaro agora. me causa espanto precisar envelhecer pra franzir a testa.
pra minha sorte, saber um tanto mais de mundo e de tempo, me coloca em vantagem e posso afundar meus calcanhares em cada canto que caminho agora. nos indicadores; norte,sul, leste, oeste. nos meus bolsos; o novo e o velho mundo e um tanto de loucura. já era tempo.