Texto pandêmico

monocromáticos. perdi o jeito com as decisões, como se estas, nunca tivessem sugestionado os meus dias. dias de um tom só. tudo é a mesma hora, o mesmo dia da semana, a barba por fazer que me faz observar a minha própria cara por outra perspectiva. bem a minha cara!

pijamas. comprei vários. comprei uma peça ou outra de vestuário, procurando sempre por coisas leves, que não me apertassem a cintura e/ou o pescoço ( especialmente o pescoço, porque dá a impressão de que a minha batata tá assando ) como sempre; com uma particularidade que demorei pra me dar conta; tudo pijama.

a camisa pra vestir por baixo, de manga longa, pra dar uma volta de quando em vez no supermercado, a de vestir depois de acordar, escovar os dentes e tomar café e a de vestir pra ficar bonito na laive: tudo pijama.

bem, precisei refazer meus óculos; botei um pijama, uma máscara pra combinar e fui ao oculista. descobri uma alteração na relação luz–retina. presbiopia. não bastando ser míope, agora sou presbíope. mas o que tá acontecendo mesmo é que tô ficando velho, velho de pijama hehehe.

mas vocês acham que eu tô reclamando? nada! tudo isso tem me servido tão bem, quanto arroz, feijão preto e ovo frito com a gema mole. estes monocromáticos dias de alquingel ( qualquer semelhança com a famosa série da zumbilândia “The Walking Dead“, não pode ser mera coincidência ) tem me despertado um grau de consciência de mundo que não me pertencia e agora, tem me desmedulado, me tornado etéreo; com uma pá de perspectivas.

minhas mãos voltaram a ser mãos. meu corpo voltou a se tornar corpo. hoje, tive um dia acachapante! e pra comemorar, logo mais vou fazer uma laive, bebendo vinho barato e vestindo, claro, o meu melhor pijama.