sobrou-me este
quase gole
da última garrafa.
o que penso ser
o último gole,
a última garrafa.
atende-me o desespero.
não quedo sem luta.
o que penso ser luta
é desespero.
sangro,
mas não sem antes
rasgar-te a pele.
tenho-te sob as unhas,
jogas sujo, me lambes,
mas o que penso
ser língua
é cada canto
da minha fraqueza.
me conheces
e me fuças,
enfia-me fumaça ocre
garganta abaixo.
o que penso
ser garganta, arranha
à altura do plexo,
e dói, o que penso ser,
o último poema.