Pensando aqui se mereço tanto ou; tudo se explica só agora. Sempre caminho, por costume, acompanhado de qualquer coisa que lembra um tipo diferente de sorte. Talvez por eu ser um típico preguiçoso, tão somente.
Nasci ariano, num veranico de abril – treze de abril – e uso dos enunciados dos oráculos estelares e dos instrumentos astrais para identificar e justificar o meu pouco caso com o sistema, e o resultado da minha pobreza em contraponto com a minha irrefragável felicidade, mesmo diante desta soma inconteste de azar. Até agora!
O jogo virou, e hoje, do nada, é como se todo trevo não só aparente mais iluminado como também pareça ter… quatro folhas.
Tudo vem dando certo e aquela expressão; “cético demais que crédulo demais” não se aplica mais as minhas preocupações. Sou agora um sujeito diferente e inalo alegria: inspiro verde e expiro azul e durmo com a lua e me demoro.
Mas fiquei tempo demais numa caverna e ainda carrego o medo da aglomeração. Coisa da idade, receio; receio de verdade.
Preciso com urgência de um pacto com o divino, desses que a gente vê o tempo todo nos fictícios títulos do Netflix: quero pelo menos mais cento e cinquenta anos. Nada ad aeternum, “só” mais cento e cinquenta anos tá de bom tamanho. É que as minhas primeiras quatro décadas só serviram para sabotar a minha própria existência e a expectativa da ciência dá conta, que falta bem pouquinho para uma certa relação com a serenidade e a calmaria, ambas, ajuizadas pelas dores que irão aumentar em todo lugar que eu tenha ossos e ainda acompanhadas por uma pitadinha de abandono.
Então, deixo aqui o meu apelo aos seres celestes de bons ouvidos, para que injetem aniversários de cidades em mim. Estou feliz à beça e também desconfiado, porque sei, que falta bem pouquinho para a “certa relação com a serenidade e a calmaria”, e para a dor, “em todo lugar que eu tenha ossos”.
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Muito bom !
Gratidão querida amiga…