Celebração da poesia
No sábado, 26 de julho, a Casa da Cultura Dide Brandão, em Itajaí, foi palco da primeira edição do Via Poesia, evento literário inédito promovido pelo Sesc que reuniu um público diverso para celebrar a poesia em suas múltiplas formas. Com acesso gratuito e uma programação intensa das 14h às 18h, o evento atraiu 140 pessoas ao longo da tarde, consolidando-se como um momento singular de celebração literária na cidade, que ficará na memória do público e dos artistas como uma experiência única.
Ao longo de quatro horas, o ViaPoesia transformou o espaço histórico da Casa da Cultura em um verdadeiro reduto da palavra, com oficinas, rodas de conversa, feira de publicações, sarau e atividades recreativas. O evento cumpriu seu propósito de valorizar a produção literária contemporânea de Santa Catarina, com foco especial nos poetas e artistas locais, promovendo encontros potentes entre criadores e público.
A atmosfera foi de escuta atenta, trocas afetivas e valorização da literatura como ferramenta de transformação. O público circulou livremente entre os diferentes espaços da Casa da Cultura, redescobrindo o local como um ambiente vivo e pulsante de produção artística.
Para o Analista de Cultura do Sesc-SC, José Augusto da Silva Neto, “o projeto ViaPoesia, em sua edição realizada em Itajaí, revelou um público expressivo e engajado, capaz de dedicar uma tarde inteira a oficinas, debates e saraus, evidenciando também a potência da literatura catarinense e a qualidade dos artistas participantes. Ele reforça que o ViaPoesia é um projeto estadual e a próxima etapa será realizada no dia 6 de setembro, às 14h, no Museu de Florianópolis – Sesc.
Atividades formativas e literárias
A programação formativa teve destaque com duas oficinas: “In.Versus”, ministrada por André Soltau, que reuniu 22 participantes, e a oficina de Slam Poetry, conduzida por Hang Ferrero, com lotação completa de 25 pessoas. Ambas criaram espaços de experimentação e reflexão sobre a escrita e a performance poética.
Além das oficinas, o evento ofereceu rodas de conversa com as poetas Eliss de Castro e Tayá Versa, que trouxe à tona temas como oralidade, gênero e a presença das mulheres na cena poética atual; e com os escritores Tom Custódio e Cristiano Moreira, com um bate-papo sensível sobre literatura e trajetória.
Sarau e feira de publicações
Um dos pontos altos do ViaPoesia foi o Sarau de encerramento, que contou com a participação vibrante de 16 poetas e poetisas. O espaço se transformou em palco para vozes diversas, que declamaram textos autorais, emocionando e instigando o público presente.
Paralelamente, a Feira de Publicações Independentes atraiu cerca de 80 visitantes, circulando entre bancas de editoras e autores locais. O evento também contou com o Quintal Brincante, ação recreativa promovida pela equipe de Lazer do Sesc, que envolveu 45 crianças e famílias em dinâmicas lúdicas ao ar livre.
Vozes que ecoaram
Entre os destaques da programação, o poeta e slammer Hang Ferrero, responsável por abrir o evento e conduzir a oficina de slam, descreveu sua participação como um reencontro com a esperança:
“Para além das expectativas, o Via Poesia foi uma grata surpresa: reuniu artistas diversos da oralidade, com debates, performances, feira de autores, bate-papos, oficinas… A poesia, protagonista desta história, tratou de se exibir durante as quatro horas do evento.”
Já o escritor Tom Custódio destacou o aspecto afetivo do reencontro com a Casa da Cultura:
“Foi um prazer participar do ViaPoesia, ter um bom papo com Cristiano Moreira e a generosa mediação do Júnior. Particularmente pra mim, foi especial poder voltar à Casa da Cultura Dide Brandão, espaço onde fiz teatro quando criança e de que guardo boas memórias. A programação estava uma delícia, com oficinas, mesas e apresentações interessantes. Importante um evento assim pra fomentar a produção literária em SC e atrair as pessoas para a atividade tão recompensadora de pensar e conversar sobre literatura. Que essa edição do ViaPoesia seja a primeira de muitas!”
Em meio às atividades do evento, o escritor Cristiano Moreira ressaltou o papel do ViaPoesia na aproximação entre autores, leitores e editoras:
“O acontecimento do ViaPoesia é importante por vários motivos. Por convidar as pessoas para ouvir, ler poemas; por chamar editoras, promover a conversa entre quem escreve, quem faz e quem lê livros. Via poesia, dá vida pra poesia feita no território catarinense e pode apresentar um pouco das diversas formas da linguagem surgir em poemas e performances. Vida longa ao ViaPoesia!”
Confira o depoimento de Hang Ferrero na íntegra
Quando me preparava, entregue ao espectro da resignação, para me render à ideia de um tempo infrutífero para a cena literária, eis que recebo um convite que me caiu como uma notícia alvissareira: realizar a abertura e ministrar uma oficina de slam poesia para um projeto novinho em folha [ projeto piloto ] do Sesc SC, o ViaPoesia.
Nascido de nome bonito que só, o ViaPoesia, na sua primeira edição, já foi um grande acontecimento [ gosto de pensar assim ] para a literatura e a comunidade local, em especial para a poesia, protagonista desta história, que não se fez de rogada e tratou de se exibir durante as quatro horas do evento [ ela, a poesia que conheço bem, jamais perderia essa extraordinária oportunidade de denunciar as suas tantas possibilidades estéticas ].
Para além das expectativas quase sempre muito claras sobre o que se pretende com um projeto dessa natureza, o ViaPoesia foi uma grata surpresa: reuniu artistas diversos da oralidade, com debates, performances, feira de autores, bate-papos, oficinas etc., e ainda, sob o esmerado tratamento da acessibilidade cultural, num ambiente muito bem pensado, para receber a poesia que há em todas as coisas, o nosso quintal artístico e plural; a Casa da Cultura Dide Brandão, em Itajaí.
A propósito, a equipe do Sesc Itajaí, entregou tudo e ao cubo, proporcionando uma atmosfera intimista, resultando numa aproximação bastante natural entre autores, o público e a comunidade artística, como se tudo fosse uma coisa só e eu [ e assim o é ] com sorriso de orelha a orelha, não conseguia esconder a minha “serelepice” inequívoca.
Para mim, a poesia é o colírio no olho do furacão, a resposta para todas as coisas, uma incrível ferramenta de discussão e ao mesmo tempo, a “febre” que habita e ricocheteia na minha cabeça, então, ser chamado não só para prestigiar a cena literária local, que há tempos venho lutando para colocá-la no lugar que merece, mas também para atender minimamente com a minha arte, que é a maneira que encontrei para ter com o significado de mundo, foi como reassumir o leme da esperança profunda, para continuar, acreditando.
E o sarau? Aaahhhh! Que seja espelho [ quero um daqueles todos os dias ]!
Parabéns Sesc Santa Carina e vida longa ao ViaPoesial
Hang Ferrero
Artista
Texto: SESC SC